LESÕES PROLIFERATIVAS NÃO NEOPLÁSICAS E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DA SAÚDE BUCAL
Os processos proliferativos abordam um grupo de lesões relativamente
freqüente que são representados por crescimentos teciduais de natureza
basicamente inflamatória, sem características histológicas neoplásicas, que
ocorrem em diversas localidades da cavidade da boca como resposta à agressões
geralmente de natureza traumática crônica, ou seja, de baixa intensidade e alta
freqüência.
As
mais comuns são hiperplasia fibrosa inflamatória, granuloma piogênico, fibroma ossificante periférico e lesão periférica de
células gigantes.
De forma geral, as
características clínicas dessas lesões correspondem a elevações nodulares bem
delimitadas, pediculadas ou sésseis, de coloração rosada a avermelhada,
apresentando superfície lisa ou lobulada, brilhante, com consistência fibrosa à
palpação, geralmente com evolução lenta, podendo se encontrar ulceradas em
decorrência de traumatismo.
As hiperplasias fibrosas são
semelhantes a tumores de tecido conjuntivo fibroso, que se desenvolvem em
resposta à irritação local ou trauma. Pode se apresentar nodular ou em pregas,
normalmente firme e fibrosa podendo algumas lesões apresentar áreas eritematosas
e ulceradas.Muito comum em pacientes com próteses totais ou parciais removíveis
com adaptação incorreta.Após a biópsia e diagnóstico, o tratamento consiste na remoção cirúrgica, tomando-se o cuidado de
eliminar o fator irritante, para evitar-se recidivas
O Granuloma Piogênico ocorre
frequentemente na gengiva, mas pode surgir ocasionalmente em outras regiões da
mucosa bucal. Em gestantes, essa patologia é
comumente denominada granuloma gravídico ou tumor gravídico, podendo ter início
ou ser exacerbada durante a gravidez, sendo normalmente apenas monitorados,
pois regridem após o parto, mas, às vezes, eles interferem no desenvolvimento
da função mastigatória ou estética, necessitando de intervenção. Mediante a uma resposta tecidual
a um fator irritante local ou trauma. A análise microscópica do Granuloma Piogênico
apresenta um tecido de granulação, altamente vascular, contendo numerosos
neovasos e vasos sanguíneos. A superfície é normalmente ulcerada e
caracterizada pela presença de uma membrana fibrinopurulenta espessa. O tratamento consiste na remoção cirúrgica, tomando-se o cuidado de
eliminar o fator irritante, para evitar-se recidivas, após a biópsia e diagnóstico.
O Fibroma Ossificante Periférico
é caracterizado como um crescimento gengival causado por irritação gengival por
fatores locais crônicos de de ocorrência exclusiva na gengiva e rebordo
alveolar. Apresenta-se como uma massa nodular, séssil ou pediculada, coloração
variável entre vermelho e róseo, e superfície frequentemente ulcerada por
trauma secundário. Microscopicamente apresenta uma proliferação fibrosa
associada à formação de material mineralizado, que pode ser constituído por
osso, material semelhante à cemento ou calcificação distrófica. Caso ocorra
ulceração do epitélio da lesão, a superfície é coberta por uma membrana
fibrinopurulenta. Importante solicitar a radiografia para acompanhar se ouve destruição ou se há presente em seu interior material mineralizado. O tratamento consiste na remoção cirúrgica, tomando-se o cuidado de eliminar o fator irritante, para evitar-se recidivas, após a biópsia , análise radiográfica e diagnóstico.
A Lesão Periférica de Células Gigantes
é definida como uma resposta hiperplásica do tecido conjuntivo gengival à
agressão. A etiologia está associada a uma irritação local crônica. Clinicamente
apresenta-se como massa nodular vermelha ou vermelha-azulada, séssil ou
pediculada, podendo estar ou não ulcerada. Histologicamente, a Lesão
Periférica de Células Gigantes revela uma proliferação de células gigantes
multinucleadas, podendo conter alguns núcleos ou várias dúzias deles.O tratamento consiste na remoção cirúrgica, tomando-se o cuidado de eliminar o fator irritante, para evitar-se recidivas, após a biópsia e diagnóstico.
Embora possa atingir grandes
dimensões, os processos proliferativos são auto-limitante. Não ocorre
transformação maligna dessas lesões, o perigo é a persistência do trauma agindo
de forma crônica no tecido.
Importante ressaltar que dentre
os fatores etiológicos dessas lesões destacaram-se comumente entre os tipos
citados: os traumatismos crônicos, principalmente causados por cálculos subgengivais, próteses mal
adaptadas, dentes mau conservados, restaurações com excessos de materiais, aparelhos ortodônticos mau posicionados e acúmulo de placa
bacteriana.Isso significa que a eliminação destes focos, seguida da reabilitação meio oral consiste em uma etapa de grande importância para sucesso do tratamento.
Para a construção de um
excelente diagnóstico, o conhecimento da frequência relativa ou prevalência
dessas lesões associadas a avaliação das características clínicas específicas
de cada lesão é fundamental.
Após a avaliação clínica, deve ser
realizado o exame histopatológico a fim de se obter o diagnóstico definitivo. Portanto,
a confirmação do diagnóstico clínico e obtenção do diagnóstico definitivo por
meio do exame histopatológico das biópsias orais é de fundamental importância
para a indicação do tratamento mais adequado da lesão.
Por: Cristiano Trindade
Comentários
Postar um comentário