Sindrome de Sjögren , Odontologia e a saúde do idoso no Brasil.




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Segundo o IBGE, em 2030, o número de pessoas acima de 60 anos superará o de crianças brasileiras. Com isso, a preocupação com a qualidade de vida na terceira idade tende a ser um tema recorrente nos próximos anos.

Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência. Devemos como profissionais da área de saúde investigar com mais precisão as queixas de nossos idosos e oferecer uma melhor qualidade de vida.

A SÍNDROME DE SJÖGREN afeta principalmente mulheres, na proporção de 9:1. Ocorre em todas as idades, especialmente entre a quarta e a quinta décadas de vida, afetando cerca de 3% da população geriátrica.

No Brasil, um alerta é emitido pela prevalência da doença na maioria em mulheres diagnosticadas, estando associada à menopausa ou em idade mais avançada. No entanto, essa síndrome pode ocorrer também em crianças, adolescentes e adultos jovens.

Constitui uma doença autoimune inflamatória de curso crônico frequente, na qual o sistema imunológico do paciente ataca as glândulas salivares e lacrimais, desequilibrando o estado de normalidade.

Existem dois tipos reconhecidos: a primária – que não se manifesta associada a outra desordem e se caracteriza pela presença de ceratoconjuntivite seca, xerostomia e anormalidades extra glandulares; e a secundária – na qual o paciente manifesta a síndrome associada a outras doenças autoimunes.
Os pacientes geriátricos podem apresentar diversas patologias que cursam com sintomas semelhantes aos da Síndrome de Sjögren. Outras causas que dificultam o diagnóstico são a polifarmácia a que são submetidos nossos pacientes, o uso de medicações anticolinérgicas e muscarínicos, anti-hipertensivos, anticonvulsivantes, anti-histamínicos, diuréticos e antidepressivos, que podem, como evento adverso, levar ao quadro de xerostomia.

Existe uma preocupação crescente quanto aos fatores implicados na etiologia, tanto quanto obscura, da Síndrome de Sjögren. Os métodos de diagnóstico que são obtidos pelo somatório de achados clínicos e laboratoriais, com base na sintomatologia e na associação a outras doenças são imprescindíveis para uma elaboração efetiva do plano de tratamento, consistindo principalmente no alívio dos sintomas constituindo um tratamento com o objetivo de minimizar o impacto na qualidade de vida de seus portadores.

Os sinais e sintomas da Síndrome de Sjögren costumam variar de pessoa para pessoa e são muito semelhantes aos causados por outras doenças e a alguns efeitos colaterais provocados por medicamentos.

Existe uma variedade considerável de exames que pode ajudar a diagnosticar a síndrome por critério de exclusão:

  1. ·         Hemograma - para medir os níveis de anticorpos e demais células presentes no sangue;
  2. ·         Exames oftalmológicos, como o teste da lágrima de Schirmer;
  3. ·         Exames de imagem, como sialograma (um tipo de raio-X específico) e cintilografia salivar;
  4. ·         Biópsia labial.

Importante ressaltar que a queixa oral constitui o sintoma inicial em mais da metade dos portadores, havendo uma sequência possível de sinais e sintomas persistentes e de complexidade ampla que determinam um ônus significativo da doença.

Quanto as manifestações bucais a hipossalivação e o ressecamento da mucosa oral expõem esses pacientes a um alto risco para uma saúde bucal deficiente. Essas alterações da normalidade podem levar ao aumento da suscetibilidade à cárie dentária, à doença periodontal, à ardência bucal, à candidíase oral e à ulceração, além de provocar mudanças na sensação gustativa e complicar a adaptação de próteses dentárias. Em acréscimo, experimentam dificuldade de mastigação e deglutição de alimentos. Transtornos na fala e a possibilidade acentuada de halitose, como resultados de xerostomia, estão associados a constrangimentos em situações sociais.

O cirurgião – dentista deve manter contato com o médico assistente e estar atento a anamnese, prontuário médico do paciente para que estes possam assessorar o plano de tratamento odontológico. Principalmente observando queixas, medicamentos utilizados, idade, sinais clínicos e alterações encontradas.

Sabemos que o tratamento odontológico clínico (dentística, prótese, endodontia, periodontia, cirurgia) proposto ao paciente com essa doença, não foge da normalidade já estabelecida. O que merece diferenciação no tratamento é o controle do fluxo salivar e monitoramento profilático da saúde bucal do paciente de 3 em 3 meses.

O tratamento dos sintomas orais consiste no uso de gomas de mascar ou balas que estimulem a salivação, prevenção de substâncias irritantes como o café, álcool, nicotina, além de manter uma boa higiene oral e fazer uso tópico de flúor para evitar cáries. Infecções de cândida são frequentes e necessitam de rápida identificação e tratamento. A pilocarpina e a cevimelina são sialagogos sistêmicos aprovados pelo FDA para o tratamento da xerostomia. Recomenda-se o uso da clorexidina, associada aos vernizes com flúor, para o controle da placa bacteriana em pacientes com alto risco de cárie dentária e doença periodontal.

O interferon A surge como outra forma de estimular a produção de saliva e lágrimas, com administração de doses baixas via oral.

A Síndrome de Sjögren é uma doença bem pesquisada e estudada, porém não é tão rara ao se tratar do número de pessoas acometidas, sendo preciso a realização de mais estudos sobre a possível relação entre ela e os agravos orais.

Por, Cristiano  Trindade.

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